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O Fascínio pelo Nada #oliverharden #reflexão #motivacional #frases #frasesinspiradoras

Este vídeo foi feito com base na postagem em rede social:
A Esquizofrenia do Encanto: O Fascínio pelo Nada e a Diluição do Ser
Por Oliver Harden, escritor, Estudou na instituição de ensino UNICAMP,
Mora em Nagoya-shi, Aichi, Japan
De São Paulo
Há na condição humana um paradoxo essencial: a busca incessante por significado e, ao mesmo tempo, a inclinação insidiosa para o vazio. Vivemos em um tempo marcado por uma estranha doença da alma – um mal difuso e silencioso que se espalha como névoa sobre a consciência coletiva. Chamo-o ESQUIZOFRENIA DO ENCANTO, uma patologia psíquica e existencial caracterizada pelo fascínio pelo nada, pela anestesia dos sentidos diante da profundidade da vida e pela entrega submissa ao efêmero e ao descartável.

Não se trata de um simples escapismo, mas de um estado fragmentado de ser, em que o indivíduo se vê encantado pelo espetáculo vazio, pela promessa ilusória de plenitude sem substância. É a paixão pelo superficial, pelo simulacro de realidade que se oferece sem esforço, pela sedução do que brilha, mas não ilumina. O sujeito acometido por essa condição perde a capacidade de confrontar o real em sua densidade, passando a viver na superfície de si mesmo, entre distrações fugidias e prazeres inócuos.

O Nada como Objeto de Encanto

O problema fundamental da esquizofrenia do encanto não é o vazio em si, mas o encantamento com ele – a adoção do nada como objeto de desejo, a transformação da ausência em promessa, da insignificância em meta. O ser humano sempre buscou preencher sua existência com significados que transcendem sua finitude, mas hoje, ironicamente, ele se fascina pelo oposto: pelo vácuo, pela ausência de profundidade, pela estetização do efêmero.

O mundo moderno, em sua vertiginosa aceleração, promove essa síndrome ao converter o efêmero em norma e o transitório em fundamento. A cultura do consumo, dos estímulos incessantes e das narrativas instantâneas fomenta um desejo artificial pelo que se dissolve no instante seguinte. O indivíduo, imerso nessa engrenagem, aprende a desejar sem objeto, a querer sem razão, a buscar sem finalidade. Ele se torna um ser esquizofrênico não no sentido clínico do termo, mas no sentido filosófico-existencial: um sujeito dilacerado entre a ânsia de viver e a entrega passiva ao que não tem substância.

A Fragmentação da Consciência e a Morte do Espírito

Essa condição não apenas desorienta, mas desagrega. O homem, ao se encantar pelo vazio, fragmenta-se. Sua identidade torna-se fluida, seu pensamento disperso, sua percepção embotada. Ele já não busca compreender – apenas absorve. Já não reflete – apenas consome. O discurso da profundidade se torna tedioso, a busca pelo essencial se torna árdua demais. O espírito, por sua vez, não desaparece, mas entra em estado de dormência, uma latência existencial na qual ele já não se reconhece como centro de gravidade do ser.

Essa fragmentação da consciência leva a um estado de apatia ontológica, um colapso da relação entre o homem e seu próprio destino. Ele não se pergunta mais sobre o sentido de sua existência, pois se contenta com a miragem de um propósito efêmero, que se dissipa antes mesmo de ser compreendido. Ele se fascina pelo fluxo ininterrupto de estímulos, mas não se dá conta de que esse fluxo é o próprio escoamento de sua alma.

O Caminho para a Reintegração do Ser

Se há um antídoto para essa esquizofrenia do encanto, ele reside na reapropriação da consciência, no ato de resgatar-se do torpor e encarar, sem medo, a própria profundidade. Isso exige coragem, pois o vazio que tanto fascina esconde um abismo: a recusa em confrontar a si mesmo. O ser humano só pode curar-se desse mal ao deslocar seu desejo do nada para a plenitude do real, ao abandonar o fascínio pelo simulacro e se lançar à vertigem do autoconhecimento.

O encantamento legítimo não está no vazio, mas no mistério da existência, na riqueza inexaurível do pensamento, no exercício da contemplação e na construção de um significado autêntico. Somente ao recuperar o gosto pelo silêncio fecundo, pela reflexão profunda e pelo enigma de si mesmo, o homem poderá se libertar do cativeiro do efêmero e restaurar sua inteireza.

Que ele, pois, desperte. Que resista à sedução do nada e ouse encantar-se, não pelo que brilha sem luz, mas pelo que ilumina sem ofuscar. Pois o verdadeiro encanto é aquele que nos conduz à plenitude, e não ao esquecimento de nós mesmos.

Oliver Harden

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